Se você trabalha na indústria ou varejo, sabe que as negociações tradicionais já não se sustentam. Para construir uma parceria rentável, é preciso ir além do preço e volume.  

É por isso que dois conceitos têm tanta importância para o mercado: o Joint Business Plan (JBP) e, em sua evolução estratégica, o Joint Value Creation (JVC). Estes modelos transformam uma simples transação comercial em crescimento colaborativo. 

Mas como isso funciona na prática? E o que acontece quando uma das maiores empresas do mundo adota essa filosofia? 

Neste artigo, vamos desvendar a diferença essencial entre JBP e JVC e como grandes empresas estão usando essas metodologias para alcançar um índice de assertividade impressionante em seus planos de negócio. Continue a leitura! 

  

O que é JBP e JVC? 

Tabela comparando JBP e JVC nos aspectos: objetivo central, horizonte de tempo, foco, complexidade, governança e indicadores. JBP foca em metas comerciais anuais e ações táticas; JVC foca em criação de valor estratégico, inovação e eficiência da cadeia no longo prazo.

JBP (Joint Business Plan) 

JBP — Joint Business Plan é um plano de negócios conjunto entre duas empresas (geralmente indústria e varejo) com metas e ações construídas em parceria para um período definido, normalmente anual 

O foco principal do JBP é crescimento mútuo, melhorando indicadores como: 

  • Sell-out / Sell-in; 
  • Posicionamento e exposição de produtos; 
  • Calendário comercial e campanhas; 
  • Aumento de participação de mercado (market share); 
  • Inovação e lançamentos; 
  • Estratégias de precificação e promoção. 

O JBP define objetivos, responsabilidades, KPIs, investimentos e calendário de execução.  

Em resumo, ele é um um planejamento estratégico estruturado, com governança definida e acompanhamento constante pelos times de trade, marketing e comercial. 

 

JVC (Joint Value Creation) 

JVC — Joint Value Creation foca em criação de valor no longo prazo, impactando toda a cadeia de consumo. 

Esse é um modelo mais sofisticado de parceria, no qual indústria e varejo (ou outras empresas parceiras) desenvolvem iniciativas capazes de gerar vantagens competitivas sustentáveis, como: 

  • Projetos de transformação digital e dados compartilhados; 
  • Desenvolvimento de categorias (Category Growth); 
  • Inovação em experiência do consumidor; 
  • Programas avançados de fidelização e CRM; 
  • Eficiência logística e integração de supply chain; 
  • Soluções exclusivas para canais e shopper. 

 

Exemplo prático de JBP e JVC 

Esses termos parecem distante da realidade da maioria das pessoas. Por isso, trouxemos um exemplo real de um cliente da Cashin. 

  

Como a Nestlé aplica JBP (Joint Business Plan) 

O JBP da Nestlé nasceu como forma de: 

  • Organizar o relacionamento com grandes varejistas; 
  • Alinhar objetivos comerciais; 
  • Melhorar execução e performance no sell-out; 
  • Construir governança e rituais de acompanhamento. 

Já essas foram as situações práticas onde o JBP era usado pela Nestlé: 

  • Garantir disponibilidade de produtos estratégicos no varejo; 
  • Estruturar campanhas promocionais colaborativas; 
  • Definir metas anuais por canal e categoria; 
  • Organizar investimentos de trade marketing; 
  • Resolver problemas de ruptura e sortimento. 

O JBP garantiu previsibilidade e performance, mas a Nestlé entendeu que era preciso criar valor real para o shopper. Isso criou a base necessária para dar o salto ao JVC. 

  

Como a Nestlé aplica JVC (Joint Value Creation) 

A grande evolução da Nestlé foi transformar o relacionamento de “plano comercial anual” para parceria estratégica contínua. Segundo Helena Waquil (Head de Desenvolvimento de Categoria da Nestlé), a mudança exigiu: 

  • Mudar a mentalidade de sell-in para sell-out; 
  • Reorganizar cultura interna; 
  • Integrar áreas que antes não falavam diretamente com o varejo; 
  • Construir juntos (e não levar planos prontos). 

Hoje, a Nestlé tem JVC com 350 varejistas, um número gigante e inédito no mercado brasileiro. 

  

Espelhamento: a prática mais poderosa do JVC da Nestlé 

A Nestlé apresentou uma metodologia chamada “espelhamento”: especialistas da Nestlé conversam diretamente com especialistas equivalentes do varejo (ex.: logística fala com logística, tecnologia com tecnologia, trade com trade). 

Isso acelera: 

  • Resolução de problemas; 
  • Inovação conjunta; 
  • Integração de processos; 
  • Entendimento profundo da jornada do shopper. 

 

Como implementar JBP e JVC (de forma prática, clara e orientada ao líder) 

Para implementar JBP e JVC é necessário criar um sistema de colaboração entre indústria e varejo. A seguir, descrevemos o passo a passo separado por modelo — primeiro JBP, depois JVC — mostrando exatamente o que um líder precisa fazer para que a colaboração funcione na prática. 

  

Como implementar JBP (Joint Business Plan) 

A implementação do JBP ocorre em 6 etapas: 

 

1) Defina a governança (quem faz o quê)

Antes de falar em metas, é preciso estruturar o time. 

O líder precisa: 

  • Definir responsáveis por comercial, trade, supply e marketing; 
  • Escolher o varejista/parceiro prioritário; 
  • Definir o “dono” do JBP internamente; 
  • Alinhar a liderança do varejo que participará. 

Sem governança, JBP vira uma operação solta. 

 

2) Construa um diagnóstico conjunto

É o momento de entender onde estamos e para onde vamos. 

Isso inclui: 

  • Dados de sell-in e sell-out; 
  • Exposição e planograma; 
  • Participação de mercado (share); 
  • Performance por loja; 
  • Comportamento do shopper; 
  • Calendário do ano anterior. 

É aqui que se identifica o que precisa ser resolvido. 

 

3) Defina objetivos claros e realistas

Exemplos típicos de objetivos de JBP: 

  • Crescer X% em sell-out; 
  • Aumentar cobertura de Y para Z lojas; 
  • Reduzir ruptura em X%; 
  • Garantir execução de campanhas-chave; 
  • Expandir a categoria em X%. 

Metas precisam ser mensuráveis, alcançáveis e conectadas ao varejo. 

 

4) Estruture o plano (o “P” do JBP)

Aqui nasce o documento que será usado o ano inteiro. 

Elementos obrigatórios: 

  • Calendário promocional; 
  • Sortimento ideal; 
  • Metas por canal/cluster; 
  • Plano de execução por loja; 
  • KPIs e SLAs; 
  • Investimentos (trade, verbas e incentivos); 
  • Responsabilidades de cada parte. 

O líder garante que tudo esteja claro antes do kickoff. 

 

5) Execute com disciplina

O maior erro das empresas é fazer um JBP bonito e não executar. 

O líder deve garantir: 

  • Rituais quinzenais ou mensais; 
  • Dashboards claros; 
  • Comunicação ágil com o varejo; 
  • Ajustes rápidos quando necessário. 

Execução = disciplina + pequenos ajustes contínuos. 

 

6) Avalie resultados e ajuste rotas

Fechamento trimestral com: 

  • O que funcionou; 
  • O que não funcionou; 
  • O que será corrigido; 
  • O que será intensificado. 

O JBP melhora ano a ano quando há consistência. 

  

Como implementar JVC (Joint Value Creation) 

O JVC é mais estratégico, mais profundo e de longo prazo. Aqui não se trata de “plano anual”, mas de construir valor para o shopper, para o varejo e para a indústria. 

Falando sobre a implementação, ela ocorre em 7 etapas: 

 

1) Alinhe a visão de longo prazo com o varejista

Antes de pensar em projeto, o líder precisa: 

  • Entender o posicionamento do varejo; 
  • Identificar objetivos comuns; 
  • Mapear maturidade colaborativa; 
  • Selecionar parceiros com maior potencial. 

JVC não funciona para todos, só para quem compartilha visão. 

 

2) Crie a estrutura de espelhamento

Esse é o modelo usado pela Nestlé. 

Consiste em: 

  • Especialista de logística falando com logística; 
  • Especialista de dados falando com dados; 
  • Especialista de marketing falando com marketing; 
  • Especialista de trade falando com trade. 

Isso cria velocidade, profundidade e confiança. 

 

3) Mude o eixo para oshopper(e não para o portfólio) 

O JVC nasce quando a empresa consegue: 

  • Olhar para a categoria, não só para suas marcas; 
  • Entender jornadas, necessidades e barreiras; 
  • Alinhar ações para entregar valor real ao consumidor. 

É isso que sustenta a criação de valor. 

 

4) Escolha temas estruturantes

O JVC não deve começar atacando 10 frentes. Escolha 2 ou 3 pilares, como: 

  • Dados e analytics; 
  • Eficiência logística; 
  • Desenvolvimento de categoria; 
  • Pricing e rentabilidade; 
  • Omnichannel e experiência; 
  • Inovação de produtos/formatos; 
  • ESG aplicado ao varejo. 

O segredo é foco profundo, não amplitude superficial. 

 

5) Construa projetos conjuntos (não traga o plano pronto)

O varejo odeia quando a indústria chega com tudo decidido. 

O líder deve garantir que o processo de JVC seja: 

  • Cocriado; 
  • Feito a quatro mãos; 
  • Baseado em diagnóstico de dados; 
  • Priorizado em conjunto. 

A pergunta-chave sempre é: “O que realmente gera valor para o shopper?” 

 

6) Crie métricas de valor e governança

Diferente do JBP, o foco não é só sell-out. 

Medidas típicas de JVC: 

  • Aumento do NPS / CSAT; 
  • Redução de ruptura sistêmica; 
  • Incremento da categoria; 
  • Eficiência de entrega; 
  • Aumento da fidelização; 
  • Uso de dados em decisões; 
  • Redução de custos da cadeia. 

O líder deve garantir indicadores que capturem valor real, não só volume. 

 

7) Institucionalize: rituais, fóruns e cultura

O JVC só funciona quando vira rotina. 

Exemplos: 

  • Fóruns mensais de inovação; 
  • Revisões trimestrais com diretoria; 
  • Troca estruturada de dados; 
  • Rituais de PDCA de projetos; 
  • Squads temporários para temas estratégicos. 

O objetivo do líder é manter o motor colaborativo girando. 

 

A relação entre incentivos de vendas, JBP e JVC 

Embora muitas empresas tratem cada um desses temas separadamente, eles são profundamente interdependentes. E quando trabalhados de forma integrada, constroem um ciclo de alta performance. 

A seguir, você vai entender como usar incentivos para turbinar a colaboração e vice-versa. 

  

A relação entre incentivos de vendas e JBP 

Incentivos direcionam energia da equipe de loja para os objetivos do plano, como sortimento, ruptura, exposição, cadastro, giro e adesão promocional. Eles também aumentam a previsibilidade da execução e transformam metas anuais em motivação semanal. 

Em outras palavras, o JBP dá o norte e os incentivos garantem que o varejo siga esse norte. 

 

A relação entre incentivos de vendas e JVC 

No JVC, há premiação para quem gera resultados que criam valor, como redução de ruptura, execução de planogramas, adequação de sortimento por cluster, desenvolvimento de categoria e metas de experiência do shopper. 

 

Como a tecnologia potencializa JBP e JVC 

Falar em colaboração entre indústria e varejo sem incluir tecnologia não faz mais sentido. Sistemas, dados e plataformas digitais mudaram completamente a forma como as empresas planejam, executam e medem resultados. 

A seguir, como a tecnologia fortalece esse ciclo colaborativo: 

  

Automação 

Integrações entre sistemas eliminam tarefas manuais, garantem informações atualizadas e diminuem erros operacionais. Isso libera tempo das equipes para focar na execução e estratégia. 

  

Comunicação contínua e centralizada 

Em vez de dispersar informações em grupos de WhatsApp e e-mails, plataformas especializadas reúnem metas, regras, histórico, performance e orientações em um único lugar. Todos os envolvidos — indústria, varejo e campo — trabalham alinhados. 

  

Monitoramento completo por meio de dashboards 

Painéis personalizados tornam visível o que antes era intangível: execução no ponto de venda, evolução da categoria, engajamento das equipes e resultados por canal, região ou parceiro. 

  

Plataformas de incentivo 

Uma plataforma de incentivo é o elo que transforma planejamento em execução. Ela conecta tudo o que foi definido no JBP ou JVC ao comportamento diário das equipes, garantindo que metas estratégicas se convertam em ações concretas no campo. 

Essas plataformas ajudam a: 

  • Definir regras claras e metas personalizadas; 
  • Distribuir campanhas com comunicação integrada ao time; 
  • Acompanhar resultados em tempo real; 
  • Aumentar engajamento de vendedores, promotores e parceiros; 
  • Criar programas mais inteligentes, alinhados ao shopper e aos objetivos de categoria. 

  

Conclusão 

A decisão entre trabalhar com JBP ou JVC impacta a rotina das equipes, a relação com parceiros, os resultados de vendas e execução no ponto de venda.  

Compreender as diferenças entre os dois modelos — e saber quando usar cada um — é essencial para criar parcerias mais sólidas e alinhadas às demandas do mercado atual. 

O ponto crucial é que não existe uma solução única. Há momentos em que o foco precisa estar no resultado imediato. Em outros, o objetivo é construir valor sustentável para os próximos anos.  

De todo modo, transformar planejamento em resultad exige ter metas claras, dados bem utilizados e times engajados. É exatamente nesse ponto que a Cashin se destaca: unindo automação, dados, incentivos e acompanhamento de performance em um único ambiente. 

Agora que você entende como esses modelos funcionam e quando aplicá-los, é hora de colocar em prática. Fale com a gente e agende uma demonstração gratuita. 

  

Perguntas frequentes sobre JBP e JVC 

 

O que é JBP e para que serve? 

O JBP, ou Joint Business Plan, é um plano de negócios desenvolvido em conjunto entre empresa e parceiro comercial, com foco na definição de metas, ações e responsabilidades compartilhadas. Ele serve para alinhar estratégias, acompanhar performance e organizar incentivos, tornando a execução das campanhas mais previsível e eficiente. 

  

Qual a principal diferença entre JBP e JVC? 

A principal diferença está no foco e no horizonte. Enquanto o JBP estrutura ações e metas imediatas de negócio, o JVC foca na cocriação de valor de médio e longo prazo, com iniciativas inovadoras e colaborativas. Resumindo: JBP planeja e monitora, JVC sonha e transforma. 

  

Como aplicar JBP ou JVC em vendas? 

Primeiro, formalize um JBP para garantir clareza de metas, regras e responsabilidades, usando tecnologia para acompanhamento e pagamentos, como no ecossistema Cashin. Depois, conforme cresce a confiança e o relacionamento, envolva times diversos para buscar oportunidades de cocriação e campanhas diferenciadas no formato JVC, sempre prezando pela comunicação transparente e análise constante de dados. 

 

JBP ou JVC: qual traz mais resultados? 

Ambos trazem resultados quando bem aplicados, mas de formas complementares. O JBP gera ganhos rápidos ao alinhar e executar, enquanto o JVC potencializa crescimento e inovação de longo prazo. O melhor caminho costuma ser começar por um bom JBP e evoluir para projetos de JVC à medida que a parceria amadurece. 

  

Quando escolher JBP em vez de JVC? 

Sempre que existir necessidade de estrutura, clareza de metas e definição de regras objetivas para incentivos, o JBP é o caminho. Já o JVC faz sentido quando já existe parceria madura e abertura para explorar novas formas de engajar, inovar e gerar valor além dos resultados convencionais de vendas. 

 

Imagem de mini bio com foto profissional e texto apresentando a autora, destacando sua experiência em liderança comercial e atuação na Cashin.